Fazenda Ecológica: realização de um sonho

A Fazenda Ecológica Santa Fé do Moquém está sendo a concretização de um sonho que os irmãos Judismar, Cláudio e Jurandir têm desde criança.

Desde a formatura do Jurandir no curso de Agronomia da UFV (Viçosa – MG), em 1971, a aquisição de uma fazenda deixou de ser um sonho para se tornar uma meta a ser atingida pelos três irmãos e agora sócios. A concretização deste sonho só veio acontecer em 1987, com a compra de uma área de terra de 500 hectares, localizada no município de Nossa Senhora do Livramento – MT, a 70 Km de Cuiabá. Com a fazenda adquirida, precisávamos agora estabelecer um plano para explorá-la.

A primeira decisão foi a opção pela ecologia, ou seja, dar preferência à processos e técnicas que resultassem num mínimo de agressão ao meio ambiente. A opção pela ecologia, ficou expressa na primeira das 10 diretrizes básicas que instituímos em 30 de outubro de 1992, com o objetivo de direcionar as nossas ações.

A formação de pastagem por método natural, sem desmatamentos, queimadas, arações e gradagens, foi o primeiro e mais importante projeto a ser implantado. Inicialmente, o processo foi muito lento, pois o projeto demandava a construção de grandes extensões de cerca para dividir a área em piquetes menores e, estávamos ainda em fase de testar nossos conhecimentos bem como algumas idéias novas sobre técnicas e procedimentos que pudessem tornar o processo mais eficaz.Como ainda não empregávamos a tecnologia das cercas elétricas, tínhamos outro fator limitante que era o custo das cercas, que eram construídas com 5 fios de arame liso e madeira de aroeira. Inicialmente começamos a dividir a fazenda em piquetes de 2 hectares e iniciávamos a “formação ecológica” das pastagens à medida que os piquetes eram vedados.Chegamos a construir 7 destes piquetes de 2 hectares. Como o trabalho estava muito lento, resolvemos aumentar a área dos piquetes para 4 ou 6 hectares, para posteriormente redividí-los. Neste processo chegamos a construir mais 9 piquetes “duplos” ou “triplos”.  Novamente optamos por acelerar o trabalho e resolvemos dividir toda a fazenda em piquetões maiores, em torno de 25 hectares, que depois seriam novamente divididos em piquetes de 2 hectares.Desta forma, a fazenda ficou dividida em mais 20 áreas, todas elas dentro do processo de formação ecológica.Em 1994, iniciamos com a utilização das cercas elétricas. Com esta tecnologia eficiente e mais barata, pudemos acelerar a separação dos piquetes.
O resultado foi uma pastagem exuberante, com a preservação de grande parte do cerraco nativo, principalmente as árvores e o sub bosque arbustivo. O nome de Pastagem Ecológica  para designar a pastagem assim obtida, ocorreu aos poucos e naturalmente, simplesmente porque realmente tínhamos alcançado uma Pastagem Ecológica, produtiva mas com alto grau de equilíbrio com o ecossistema original do cerrado.

A partir daí,  nossa fazenda, que era chamada de “Fazenda santa Fé do Moquém” passou a ser conhecida como Fazenda Ecológica. Quando constatamos que a “Formação Ecológica de Pastagens no Cerrado” não só era viável, como também se revelava como o método mais econômico e o que menos agredia o meio ambiente, tornou-se vital para nós, a divulgação deste fato, de maneira que o maior número possível de pessoas e propriedades pudessem aproveitar esta tecnologia eficiente, natural e econômica para formar pastagens em áreas de cerrado, algumas delas aparentemente sem utilidade alguma, devido à baixa fertilidade do solo e adversas condições de topografia.

A divulgação foi iniciada com a distribuição de dezenas de cópias do primeiro artigo do Jurandir Melado, relatando as experiências realizadas. Este artigo foi publicado pelo jornal A Gazeta de Cuiabá, em duas partes, dias 19 e 26 de novembro de 1996. A primeira reportagem em jornais saiu na “A Gazeta”, de Cuiabá, dia 01 de outubro de 1996, que no mesmo ano publicou extensa reportagem sobre a experiência desenvolvida na Fazenda Ecológica, despertando i interesse de outros jornais e revistas, que passaram a publicar inúmeros artigos e reportagens sobre a experiência.

A televisão também  se interessou, divulgando a pastagem ecológica em várias ocasiões , sendo que as principais reportagens foram feitas pela TV Centro América (filiada da Rede Globo), nos programas MT – Rural de 02/03/97 e MT – Rural, de 21/11/98. Esta última reportagem foi considerada uma das melhores do ano de 98, sendo reprisada pela retrospectiva do programa em 23/01/99.
A divulgação foi ampliada para nível nacional, com a publicação em 1.999 do Vídeo curso: “Formação e Manejo de Pastagem Ecológica”, produzido em parceria com o CPT – Centro de Produções Técnicas, com a coordenação técnica do Eng. Agr. Jurandir Melado.
O sucesso do videocurso que relata a experiência da Fazenda Ecológica levou a Editora do CPT (Aprenda Fácil Editora) a publicar dois livros sobre o assunto:  Manejo de Pastagem Ecológica – Um conceito para o Terceiro Milênio em 2000  e  Pastoreio Racional Voisin – Fundamentos – aplicações e projetos em 2003, ambos de autoria do Jurandir.

A partir do ano de 2000, o “Manejo de Pastagem Ecológica”, teve o seu fomento na Região Amazônica, apoiado por programas governamentais e institucionais, a exemplo do Programa Emergência Crônica, implementado pela Cooperação Italiana no Brasil.  O “Programa Fogo”  que passou a recomendar e divulgar o Manejo de Pastagem Ecológica, como uma alternativa ao uso do fogo para a limpeza das pastagem, prática responsável naquela época por mais de 50 % dos incêndios florestais. Hoje o Programa Fogo, já na sua quinta fase, atualmente chamado de “Progama Amazônica sem Fogo”  tornou-se um programa binacional, com a participação do Ministério do Meio Ambiente e continua apoiando o fomento da Pastagem da Pastagem Ecológica.

Com a experiência em outros biomas além do cerrado, constatou-se que o manejo de pastagem ecológica, poderia ser uma ferramenta importante para a recuperação de pastagens degradadas e o conceito de pastagem ecológica evolui para:
Pastagem Ecológica é uma pastagem em qualquer bioma, que apresente:
1) Diversidade e forrageiras;
2) Arborização adequada;
3) Manejo no sistema de Pastoreio Racional Voisin e,
4) Exclusão de procedimentos convencionais como o manejo com fogo, uso de adubos altamente solúveis e alguns agroquímicos e roçadas sistemáticas.

Na esteira do Programa Fogo, inúmeros outros programas vem nos últimos anos apoiando o fomento da Pastagem Ecológica, em diversas regiões do Brasil, principalmente na Região Amazônica.
Em 2007 tecnologia Manejo de Pastagem Ecológica, já consolidada, foi agraciada com 3 importantes prêmios ambientais: Prêmio von Martius de Sustentablidade, da Câmara Brasil  Alemanha; Prêmio Ecologia, do Instituto de Meio Ambiente do Espírito Santo e o Prêmio Chico Mendes do MMA e teve seus conceitos publicados pela conceituada Revista de Política Agrícola do MAPA / EMBRAPA.

O conceito de Manejo de Pastagem Ecológica, tem sido apresentada  nos últimos anos em  diversos Congressos, Seminários,  Encontros, Mostras  e Cursos de Capacitação, tanto de nível nacional quanto internacional, se consolidando como a tecnologia ideal para um MANEJO SUSTENTÁVEL DAS PASTAGENS.

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